Julieta Tango

Julieta Tango, vaidosa e tagarela o olhar errante, fútil e letal a voz demasiado explícita, rouca e masculina vibrante de canto de distorções abruptas um desejo bestial; ou inumano – inocultável. [Mais aqui sobre uma das grandes paixões da minha vida…]

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[poema escrito num bilhete de cinema]

lisboa, o espectro do inverno já não cabe na garra aberta do vento sobre nós, os desta cidade, timoratos precipitadamente se deita a chuva o frio caiu, com amor e violência empurrado do céu: escondes-te agora água de fevereiro, muda de medos; rápido como granizo se destrói todo pensamento

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City of Liverpool

Navio vermelho que a ferrugem persegue entre Felixstowe e Walvis Bay deixa o Tejo ao tempo e aos obscenos pombos aos dias impotentes que não deixam a foz deixa as águas que levam corpos cansados até à morte perseguidos e imóveis como Cristo O rio esconde-se numa capa mole escura como o dorso de um […]

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[continuo a gostar deste poema]

Bebedor de sonhos, os dentes cravados no barro amargo da taça que se volta agora bebedor de grandes tragos, a boca cravejada de pérolas a taça voltada no mármore és tu agora quem derrama o vinho navio emborcado na lama da foz não renoves a mão, todo o gesto de erguer a taça

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[poema escrito numa cisterna em 1994]

porque vais fugindo na noite como um ladrão? Fugindo da montanha da lua onde a tua sorte foi revelada para a noite em que nada aquecerá o teu coração. Escutaste no escuro as rumorosas vozes do futuro e é um lugar onde já estiveste a casa construída e abandonada habitação de medo

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[poema preferido]

voam com exagerado esforço os corvos-marinhos como quem insiste em agradar em fila errante, mágoas que se perseguem deitando-se quase na cama revolta do rio corações de espanto em negras penas envoltos fogem aturdidos da felicidade.

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[poema explicado à Ralu]

todo o inverno temos laranjas amigas altivas em braços negros erguidas lavadas na água do céu jóias de ouro jorram entre espinhos recebidas em sossego, presente de reis

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[poema escrito na manhã em que tirei a foto ali acima]

a manhã sentou-se, ofegante e cansada como uma dança acabada o mundo esqueceu os chamamentos e as flores saiu em ombros da areia sem ouvir cada única voz o calor vadio do passar das horas, ruidoso e perecivel roendo os sentidos onde se demora o sol é tarde nesta manhã e a manhã sentou-se

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[poema muito, muito, muito antigo]

chave de ouro existe o tempo, os gatos correm na erva e à noite vejo luzes de outras cidades. provo da vida como de uma maçã cheia de fumo.

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[poema que faz agora um ano]

cidade vermelha ferida de ruína muralha mordida mil vezes pelo tempo acolhe corvos, serpentes, nas tuas silvas negras velha mãe de cada criatura, regaço frio, ventre sujo e exausto de onde o deserto nasce arde na luz sangrenta da lua brasa que o vento afoga num mar de cinza vôa morcego – pequeno, quente, negro […]

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